Como utilizar o VGBL no planejamento financeiro mesmo com a nova cobrança de IOF
por: Carlos Castro, CFP® em 17/06/2025
Planejamento Financeiro
A previdência privada sempre foi uma ferramenta estratégica no planejamento financeiro de longo prazo. Com foco na aposentadoria, na redução de impostos e na organização patrimonial, os planos VGBL ganharam destaque pela eficiência para quem não declara o imposto de renda pelo modelo completo. No entanto, com a nova tributação do IOF, reacendeu-se o debate: desde maio de 2025, o governo federal passou a cobrar IOF de 5% sobre aportes mensais a partir de R$ 50 mil em planos VGBL. Isso não significa, porém, que o VGBL perdeu sua utilidade.
Na prática, essa medida funciona como uma “taxa de carregamento disfarçada”, penalizando aportes mais altos feitos com frequência mensal. O IOF incide somente sobre os valores que ultrapassarem esse limite. Aportes abaixo de R$ 50 mil por mês e o plano PGBL estão fora dessa cobrança.
Segundo dados da FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada), o mercado de previdência aberta no Brasil movimenta mais de R$ 1,3 trilhão em reservas acumuladas, com cerca de 14 milhões de participantes ativos. O VGBL responde por aproximadamente 85% dos recursos investidos, sendo o plano mais utilizado por pessoas físicas para fins de planejamento sucessório e previdenciário.
Como utilizar o VGBL no planejamento financeiro
O VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) é voltado principalmente para quem faz a declaração simplificada do imposto de renda ou já atingiu o limite de dedução com o PGBL.
Seus principais usos no planejamento financeiro são:
1. Aposentadoria complementar
Permite acumular recursos com o objetivo de gerar renda futura. Os aportes podem ser mensais ou esporádicos, e os rendimentos variam conforme o fundo escolhido — conservador, moderado ou agressivo.
2. Eficiência fiscal
No resgate ou recebimento de renda, o imposto incide apenas sobre os rendimentos, e não sobre o valor total investido. Na tabela regressiva, o valor deste imposto pode ser de até 10%. Isso reduz consideravelmente o impacto tributário no longo prazo. Além disso, os fundos de previdência não sofrem a cobrança de come-cotas, a antecipação semestral de imposto de renda presente nos fundos tradicionais.
3. Planejamento sucessório
Os valores aplicados em VGBL não entram em inventário e podem ser transferidos diretamente aos beneficiários indicados, garantindo agilidade e praticidade na sucessão patrimonial.
- Quais as diferenças entre VGBL e PGBL
- A principal diferença entre os planos VGBL e PGBL está no tratamento fiscal:
Como evitar o impacto do IOF nos aportes em VGBL
1. Limite o aporte mensal
Mantenha os aportes mensais no valor máximo de R$ 49 mil para permanecer isento do IOF.
2. Utilize outros veículos de longo prazo para o valor excedente
Além do uso do PGBL até o limite de dedução fiscal, opte por alternativas como o Tesouro Renda+, voltado à aposentadoria.
3. Utilize mais de uma seguradora
Desde que o aporte mensal não ultrapasse R$ 49 mil por seguradora, é possível distribuir os valores e reduzir o impacto da nova tributação.
Mesmo com a cobrança do IOF, o VGBL mantém vantagens importantes: menor impacto tributário sobre os rendimentos, eficiência no planejamento sucessório, flexibilidade na escolha dos fundos e possibilidade de complementar o uso do PGBL para quem já atingiu o teto de dedução fiscal.
A introdução do IOF em aportes mensais elevados é um desafio, mas não inviabiliza o uso do VGBL como estratégia de previdência e sucessão. Com planejamento e uso inteligente dos limites, ainda é possível aproveitar todos os benefícios do produto. O brasileiro que busca independência financeira e segurança no futuro não deve abandonar o VGBL — mas seguir utilizando esse instrumento com mais atenção e estratégia.