Saiba quando irá compensar fazer o saque anual do FGTS

Publicado na Folha de SP


 


A possibilidade de fazer o saque anual nas contas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo e Serviço), medida anunciada pelo governo Bolsonaro, é indicada a brasileiros que estão endividados, perderam o emprego ou acabam de entrar no mercado de trabalho, de acordo com especialistas ouvidos pela reportagem.


A explicação para isso estaria na ideia de que o uso do dinheiro não deveria descolar do motivo real pelo qual o fundo foi criado: trazer segurança ao trabalhador em situações emergenciais (demissão) e na compra da casa própria.


 


– Se as pessoas pegarem esse dinheiro e começarem a gastar, nós vamos acabar distorcendo a finalidade do FGTS dentro da história do brasileiro. Porque esse recurso foi feito para bancar a casa própria ou dar uma aposentadoria mais confortável – disse Juliana Inhasz, economista do Insper.


 


Entenda em quais situações a retirada anual do dinheiro (saque-aniversário) é opção melhor do que mantê-lo no fundo.


 


SAQUE-ANIVERSÁRIO


 


1) Endividado:



Se o trabalhador estiver endividado, e o dinheiro a ser sacado conseguir quitar as dívidas ou cobrir a maior parte delas, então essa modalidade é indicada; Caso o valor do saque dê conta de pagar só uma parte das dívidas, o ideal é não fazer o resgate anual. Isso porque, na avaliação dos especialistas, o trabalhador não se livra totalmente dos altos juros dos bancos e, por escolher o saque-aniversário, ainda trava o restante do dinheiro do FGTS. Em caso de demissão, ele não terá acesso ao restante do fundo. “Por exemplo, se for um sujeito que tiver um saldo muito inexpressivo no FGTS, ele vai poder fazer um saque com um percentual alto. Se ele estiver pagando um juro muito elevado por uma dívida de pequeno valor, vale a pena fazer esse saque e abatê-la”, disse o professor de finanças da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Cesar Caselani.


 


2) Desempregado



No caso de quem está desempregado, se houver algum dinheiro no fundo, o ideal é fazer o saque anual apenas em caso de endividamento ou por sobrevivência. Caso o desempregado possa viver por um tempo dependendo de outra pessoa, o indicado é não fazer o resgate; O cuidado que deve ser tomado, segundo os especialistas, é que esse dinheiro não seja visto por quem está desempregado como mais uma renda para consumo. “Mais importante é lembrar sempre a finalidade do Fundo de Garantia. Essa reserva precisa estar lá para uma situação de emergência futura, e não simplesmente para consumo”, segundo Carlos Castro, planejador financeiro certificado pela Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros).


 


3) Recém-contratado



Para quem foi contratado recentemente e não tem um valor alto no FGTS ou acabou de entrar no mercado de trabalho, a retirada anual pode ser indicada. Isso porque, com pouco dinheiro no fundo, a alíquota para fazer o saque é maior; Essa opção, porém, deve ser feita apenas se o trabalhador tem como fazer investimentos com rentabilidade superior à do FGTS. Caso contrário, o dinheiro do resgate pode se desvalorizar com o tempo. “Se a pessoa estiver comprometida com a ideia de investir e tem conhecimento de mercado, essa é uma alternativa válida. A única coisa que precisa ser pontuada é que esse dinheiro não deve ser visto como recurso de especulação. A ideia não é ganhar uma fortuna com ele, mas ganhar um poder de compra. Então precisa tomar cuidado para não aplicar em ativos de risco”, disse Juliana Inhasz.


 


4) Outras situações



Para quem utilizou recentemente o FGTS na compra ou financiamento de um imóvel, o resgate anual pode ser interessante. Isso porque, assim como aquele que acaba de entrar no mercado de trabalho, ele não tem uma quantia grande no fundo e a alíquota para retirada é maior; Quem também prevê estabilidade no emprego e não pretende usar o valor que possui no fundo para adquirir ou financiar uma casa, o saque-aniversário pode ser indicado para fazer aplicações com rentabilidade superior ao do FGTS.


 


 

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