Não invista para o futuro dos seus filhos

Talvez isso seja contra o que você pensa, ou o que acredita ser o certo, mas vamos aos fatos.


 


Poupar – ou ter a intenção de – para o futuro dos seus filhos é sem dúvida muito nobre. Qual pai ou mãe não quer o melhor para seu filho? Poder garantir os estudos numa boa faculdade, ou, quem sabe, um carro novo aos 18 anos?


 


O fato é que, muitas vezes, idealizamos nos nossos filhos a realização dos nossos sonhos, o que também não deixa de ser nobre. A questão aqui é: antes de pensar em poupar para o futuro de seus filhos, você poupa para o seu futuro? Para a sua aposentadoria?


 


É bem comum colocarmos os nossos filhos como prioridade na vida. Mas se você já esteve em um avião, ouviu a seguinte orientação:


“Em caso de despressurização da cabine, as máscaras de oxigênio cairão automaticamente do teto. Coloque a máscara primeiro em você e somente depois auxilie crianças e idosos.”


Isso vale para a vida financeira também. Como se preocupar em deixar uma herança para seus filhos sem antes ter uma reserva para você? Sem antes ter assegurado o seu futuro? Sem ter um plano para viver de maneira confortável em uma fase da vida em que provavelmente você vai precisar diminuir seu ritmo de trabalho ou até mesmo parar de vez.


 


Atualmente 1% da população tem condições de manter-se sem ajuda de terceiros, apenas com o valor recebido do INSS e outras rendas planejadas. As perspectivas futuras não preveem melhoras quanto a isso, infelizmente. Pelo contrário, as expectativas são de mais tempo de trabalho e mais contribuições para conseguir garantir apenas cerca de 1 salário-mínimo de aposentadoria.


 


A verdade é que queremos que nossos filhos sejam livres, sem que precisem se preocupar com o nosso sustento ou com o nosso plano de saúde. Que eles vivam seus sonhos e que corram atrás do que for preciso para realizá-los.


 


Por mais que isso soe como um ato egoísta, devemos nos preocupar muito mais em poupar para nossa liberdade financeira do que em poupar para o futuro deles. Afinal, também é relevante cultivar a importância do esforço para buscar o que se deseja. Sendo adultos bem formados em caráter e amor, se sentirão confiantes para alçarem seus próprios voos. Por outro lado, por melhor que seja um plano para ajudar nossos filhos a alcançar a independência financeira, colocamos em risco esse plano se nossos filhos perceberem que nós nos tornamos dependentes deles por falta de cuidado com o nosso próprio futuro.


 


Formar bons adultos vai muito além de pagar por boas escolas. As crianças aprendem muito mais pelo exemplo do que pelo que é dito. Sendo assim, quando você constrói uma relação saudável com o dinheiro, cuidando e investindo, e deixa claro para a família que faz isso, a mensagem transmitida para os filhos vai muito além do que qualquer herança deixada. As chances de seu filho reproduzir tudo o que vivenciou com você de maneira natural são grandes, apenas por ter tido bons exemplos de como fazer escolhas inteligentes.


 


A melhor herança que podemos deixar é, sem dúvidas, a educação financeira. Mostrar como é importante controlar seu dinheiro, e não nos deixar ser controlado por ele. Esforce-se em deixar claro a importância de aprender a lidar com o imediatismo, não cedendo a ele a todo o momento. Ensine a manter o equilíbrio entre o presente e o futuro.


 


Por mais difícil que pareça ser, exercitar a disciplina é um desafio para todos nós. Mas aprender isso ainda na infância traz melhores frutos do que qualquer investimento. Não existe uma fórmula mágica para tudo isso; ajustes precisam ser feitos o tempo todo enquanto a vida acontece.


 


Mas sim, temos investimentos para o futuro de nossos filhos. Fizemos nossa lição de casa antes, para então compartilhá-la com eles. E talvez você esteja nesta leitura para saber qual a melhor opção para esse tipo de investimento.


 


Isso vai depender de algumas variáveis importantes, como por exemplo:


 


- A idade do seu filho, e por quanto tempo você pretende poupar;


- Qual seu perfil de investidor, ou seja, o quanto de risco está disposto a correr em busca de melhores retornos;


- Qual a estabilidade de renda familiar e risco de perda de parte dos ganhos atuais, assim como quais são as possibilidades de aumento de renda;


- Quais são as proteções que a família já contratou para seu futuro, incluindo investimentos, seguros e previdência; e


- Como é o relacionamento bancário e conhecimento e acesso da família às oportunidades de investimentos.


 


Mas, para esse tipo de projeto, seguramente você deve focar em investimentos de longo prazo e buscar um planejador financeiro para te auxiliar nesta jornada e tornar suas escolhas mais eficientes. Para projetos de longo prazo, pequenas ineficiências se transformam em grandes perdas ao longo do tempo.


 


Você pode fazer uma conta investimentos no nome do seu filho e aplicar diretamente no CPF dele. Isso pode, inclusive, facilitar sua organização financeira, ao aplicar esse dinheiro em uma conta exclusiva, separada dos seus demais investimentos.


 


No fim das contas, se você estiver bem financeiramente, seu filho também vai estar e vai aprender muito com isso. Os bons conselhos ensinam, mas o exemplo arrasta.


 


Este assunto rende muitas discussões e, por isso, queremos saber qual a sua opinião. Compartilhe nos comentários abaixo desse texto.


Qual legado você quer deixar para seu filho?

Co-autor: Gustavo Cerbasi

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