Não coloque os ovos na mesma cesta!

Você já deve ter ouvido o famoso conselho “não coloque todos os ovos em uma única cesta!” É desnecessário dizer que, se uma pessoa coloca todos os ovos na mesma cesta, corre o risco desta cesta cair e de todos os ovos quebrarem. Mas se o dono da cesta dividir seus ovos em duas ou três cestas e alguma tragédia acontecer em uma das cestas, ele ainda tem ovos inteiros.


 


Esta frase pode ser usada em diferentes contextos, pois ela exprime a necessidade de segurança, de ter mais de uma possível escolha em diversas situações. Te convido à reflexão do uso desta frase no contexto de finanças pessoais, mais especificamente de investimentos.


 


Podemos entender o ditado na diversificação das fontes de renda, por exemplo. Ao longo da vida produtiva, é importante que o indivíduo construa mais de uma fonte de renda, que deve ir além de ganhar uns trocados vez ou outra. Outra conotação se traduz na necessidade de segurança contra riscos, feita através da contratação de seguros. Estes podem ser uma fonte de renda em situações caóticas e inesperadas. Na fase de aposentadoria não precisa ser diferente, é possível não só viver de renda, mas de múltiplas fontes de receita. Uma destas fontes pode ser o rendimento da carteira de investimentos. Vamos explorar o que de fato esse conselho significa no contexto de investimentos então?


 


É um conceito simples, mas traz muito o que aprender sobre risco, pois fica evidente que deixar todos os ovos numa mesma cesta expõe todos eles ao mesmo risco. Com os investimentos não é diferente. Se não distribuirmos nosso dinheiro em cestas diversas, quando a cesta se partir perderemos todo tudo, ou grande parte.


 


Mas para falar de investimentos vamos trocar o “monte de cestas” por “carteira de investimentos diversificada”. Em planejamento financeiro, recomendamos que o dinheiro investido esteja distribuído em várias classes de ativos diferentes (cestas!). Em outros artigos sobre investimentos, descrevemos que as classes de ativos oferecem diferentes riscos. O risco da renda fixa é o de crédito, de não receber o dinheiro de volta. O da renda variável está mais associado com a oscilação no preço dos ativos. Já o risco cambial está ligado à variação da moeda estrangeira. Perceba que, embora todos os riscos existam, cada um deles funciona de uma maneira e expõe o dinheiro investido a adversidades diferentes.


 


Quando montamos uma carteira diversificada, estamos em busca de mesclar diferentes ativos com diferentes comportamentos de risco. Com esta estratégia esperamos que a maneira como os ativos se relacionam seja menos impactante, sob o ponto de vista de risco, que o comportamento deles sozinhos diante de uma adversidade de mercado. Na prática é a exposição do dinheiro a variados níveis de risco, tornando possível ganhar com alguns ativos e perder com outros, mas ganhar na média.


 


Apenas para contextualizar a nossa discussão, em 1952, Harry Markowitz publicou um artigo no qual discorre sobre A Teoria Moderna do Portfólio. A teoria traz a concepção de diversificação do risco de carteiras, baseada em um conceito denominado fronteira eficiente. Embora este seja um estudo importantíssimo para nortear a forma como fazemos investimentos, a ideia é que você entenda que este conceito tem embasamento científico, apenas.


 


O que Markowitz fez foi criar uma escala para que seja possível medir a relação entre quantidade de risco e efetividade de retorno sob o ponto de vista deste risco.


 


Em teoria, quanto maior o risco, maior o retorno. Porém na prática essa relação não acontece, o investidor não irá arriscar sempre no nível mais alto do mercado. Isso representaria uma situação em que toda a sua carteira estaria exposta ao maior risco existente, o que causaria um movimento contrário, de queda brusca: a cesta quebra e perde-se todos os ovos.


 


Na teoria de Markowitz, é possível definir um risco máximo em uma carteira que retorna o maior rendimento possível esperado para aquele nível de risco. Aumentar esse risco significa diminuir o número de cestas.


 


Se na teoria, quanto maior o risco também maior é o retorno, por que na prática não exercemos esse conceito? Quando se trata de investimento, não falamos apenas de dinheiro. Falamos, antes de tudo, de pessoas. De pessoas que tem projetos de vida a realizar e contam com este dinheiro para alcançar seus objetivos. Quando esta variável, os sentimentos humanos, entram na jogada, toda a teoria ganha um novo tom de complexidade, bem maior que “mais risco = mais retorno”.


 


Esse é um dos motivos de considerarmos tão importante a diversificação na carteira de investimentos. Ao utilizar o conceito de fronteira eficiente, estamos adequando o retorno à capacidade que o estômago do investidor tem de aceitar perder dinheiro. O risco, também chamado de volatilidade, é o risco de ganhar (mais risco, mais retorno), mas também é o risco de perder. Vamos refletir: ao falar de investimentos, você está mais preocupado com o quanto pode ganhar ou com o quanto pode perder?


 


Lembra dos perfis de investidor? Conservador, moderado e arrojado? Cada um deles tem um limite diferente de suporte de risco. O que vai alterar esse limite e, consequentemente a fronteira eficiente de acordo com cada perfil, são as diferentes combinações de ativos dentro das carteiras. Para perfis que possuem maior sensibilidade ao risco, esse limite será ligeiramente menor quando comparado a perfis que suportam mais risco.


 


Esses conceitos são informações primordiais para que você possa cuidar melhor do seu dinheiro e investi-lo com propósito, buscando o crescimento dos seus recursos sem se comportar como um apostador no mercado financeiro. O que aumenta muito o risco não só de você perder dinheiro, mas de não realizar os seus objetivos de vida, que é uma consequência muito mais devastadora.


 


Espero que você tenha se enriquecido de conhecimento com este texto que, assumo, não é tão fácil, mas extremamente necessário para que você possa investir com consciência. O assunto é vasto e espero que esta introdução tenha esclarecido alguns pontos de atenção para suas decisões de investimentos. Baixe o nosso app! Você pode descobrir o seu perfil de investidor para entender qual o nível de risco que você suporta.


 

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