6 erros comuns que pessoas bem informadas sobre investimentos cometem

Resumo da matéria


 



  • - Uma carteira diversificada é aquela que contém ativos que caminham em direções diferentes - é isso que manterá você protegido em diversos cenários. Comprar ativos correlacionados é um erro muito comum e leva a uma falsa diversificação.



  • - Não seja uma vítima da síndrome de FOMO (fear of missing out, o medo de ficar para trás). Quem vive atrás da última novidade do mercado está sempre comprando produtos novos e pagando a alíquota mais alta de IR, o que mina os ganhos.



  • - Na hora de escolher ações, não olhe para o preço e sim para os fundamentos da empresa. Nem sempre uma ação cujo preço de negociação caiu é um bom negócio - é preciso entender os motivos da queda. Uma carteira com empresas que não são boas não dará um bom retorno.


 


 


Acompanhar de perto os próprios investimentos parece ter ficado mais fácil com a quantidade de informação disponível em sites e canais especializados. Cada vez mais pessoas se interessam em aprender a cuidar melhor das próprias finanças.


 


E esse é um percurso de aprendizado constante. Com os conceitos mais básicos assimilados, o investidor vai ganhando experiência, tomando contato com produtos mais complexos e, eventualmente, sofisticando suas estratégias. Mas ainda há muito o que aprender.


 


Pode ser que você não cometa deslizes elementares, como aplicar todo o dinheiro na caderneta de poupança, comprar ações tendo um perfil conservador ou se deixar seduzir por pirâmides financeiras. Mas existem erros que até investidores com mais experiência cometem, por excesso de confiança ou simples desconhecimento. O 6 Minutos conversou com especialistas e preparou uma lista com alguns desses pecados. Confira.


 


 


1 – Comprar ativos correlacionados achando que está diversificando


 


Você já cansou de ler por aí que a regra número 1 dos investimentos é não colocar todos os ovos na mesma cesta, ou seja, é preciso diversificar. Então você resolve comprar ações de várias empresas. Mas imagine que, diante de uma desvalorização do câmbio, todas elas se comportam da mesma maneira e caem, porque todas as empresas em questão têm grande exposição ao dólar!


 


Uma carteira diversificada é aquela que contém ativos que caminham em direções diferentes – é isso que manterá você protegido em diversos cenários. “Diversificar não é só agrupar vários ativos em uma carteira de investimentos. Para minimizar o risco e maximizar os retornos, é preciso combinar ativos descorrelacionados”, ensina Sandra Blanco, estrategista-chefe da Órama Investimentos.


 


Por isso, não caia no erro da falsa diversificação. “Veja se você está diversificando regionalmente seus investimentos internacionais, se não está comprando as mesmas ações em dois fundos diferentes, ou mesmo dois fundos de ações que operam da mesma maneira”, recomenda Cristina Cardoso, advisor da Veedha Investimentos.


 


 


2 – Girar demais a carteira


 


Uma carteira saudável parte dos projetos pessoais do investidor, de seu horizonte de tempo e perfil de risco, para chegar aos produtos adequados. Mas, com o tempo, produtos mais sofisticados surgem no horizonte e, em meio a tantas informações, alguns investidores acabam se perdendo pelo caminho.


 


“A pessoa é bombardeada pela corretora e bate o medo de ficar para trás. Aí ela começa a girar demais a carteira”, diz Carlos Castro, planejador financeiro da Planejar. “O foco deixa de ser no projeto pessoal e passa a ser em produtos. Com isso, a carteira desenquadra [deixa de condizer com o perfil de risco], aumentando a volatilidade e o risco de perda.”


 


Um dos efeitos colaterais de viver atrás da última novidade do mercado é a ineficiência fiscal. Isso porque quem realoca os recursos o tempo todo cai sempre na alíquota mais alta de Imposto de Renda, de 22,5%. “Nessa ânsia de buscar maior retorno, o aumento de custos pode causar o efeito contrário e matar a rentabilidade líquida do investimento”, diz o planejador financeiro.


 


 


3 – Planejar a aposentadoria pensando em uma meta de acumulação


 


Qual é sua meta de investimento? Aplicar a 300% do CDI, para acumular R$ 1 milhão? Se você fizer tudo direitinho, talvez consiga juntar essa quantia em 20 anos e terá feito um bom investimento. Mas, se sua intenção for ter uma velhice tranquila, isso pode não ser suficiente.


 


“O erro do brasileiro é achar que investir melhor é sinônimo de ter tranquilidade na aposentadoria. Acumular R$ 1 milhão não permite que você pare de trabalhar com 60 anos e tenha uma renda de R$ 10 mil até o final da vida”, diz Carlos Castro, planejador financeiro.


 


Na hora de traçar seu objetivo de aposentadoria, não pense em um valor a acumular, mas em renda. “Veja qual é o seu custo de vida e então construa um patrimônio que te proporcione essa renda. A conta tem que ser feita de trás para frente: quanto eu preciso poupar para chegar lá. Aí você monta sua estratégia”, ele ensina.


 


Gerir o próprio dinheiro o tempo todo é um desafio e tanto, já que um erro de cálculo pode fazer com que você acabe não acumulando o suficiente – e só perceba isso quando não puder mais produzir renda. Por isso, Castro sugere investir em previdência privada. Ela permite transformar uma parte dos recursos em renda a ser paga pela seguradora, mitigando esse risco.


 


“Quando você entrega o dinheiro para a seguradora, isso te dá tranquilidade, porque você não vai ter que ficar cuidando do dinheiro sozinho por mais 50 anos. Se cometer um erro e a sua parte do dinheiro acabar, com a outra parte não há como errar, ela virou uma renda garantida pela seguradora.”


 


 


4 – Achar que ter visão de longo prazo é ficar muito tempo sem mexer na carteira


 


As ações que você comprou não estão indo bem, e o mau desempenho se repete nos meses seguintes. Mas você não vai mexer em nada: afinal, aprendeu que ações são investimentos de longo prazo, portanto é necessário ter paciência e persistir, certo? Bem, não é por aí.


 


“Longo prazo não significa comprar uma carteira e ficar com ela ao longo dos anos. Essa é uma visão equivocada”, afirma Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos.


 


Ele conta que muitas pessoas acabam ficando com empresas erradas, que dão prejuízos recorrentes depois que o cenário ou o setor mudaram. “Elas têm uma resistência a se desfazer dos papéis, realizar prejuízo e alocar o dinheiro em outra oportunidade. Mas muitas empresas não vão voltar ao preço do passado. As empresas que estavam no topo 20 anos atrás não são as mesmas de hoje”, argumenta.


 


Então não se engane mais: “longo prazo” significa que você não deveria dispor no mês que vem ou no ano que vem do capital aplicado em renda variável, pois o horizonte desse tipo de investimento é mais longo. Mas a gestão da carteira, você tem que fazer periodicamente, balanceando quando necessário.


 


 


5 – Comprar ações pelo preço e não pelos fundamentos da empresa


 


Uma ação que custa R$ 1 ou R$ 3 está barata e outra de R$ 60 está cara? Se uma ação se desvalorizou ao longo do tempo, com isso ela ficou barata? Nada é tão fácil assim. Um erro comum do investidor é se prender ao preço de negociação – e escolher empresas que entende serem “baratas”.


 


“Ele não olha o motivo pelo qual o preço caiu. Alguma mudança grave pode ter impactado o negócio da empresa e seu preço de mercado”, diz Panonko. “Quando analisa as empresas dessa forma, o investidor acaba não tendo um retorno acima da média, porque começa a escolher empresas que não são boas.”


 


A análise correta a se fazer passa pelos fundamentos da empresa: balanços, perspectivas, planos de investimento para os próximos 10 anos. E não o quanto a ação está valorizando naquele momento. “Mas essa é uma análise complexa. Se eu não entendo essa análise, vou comprar olhando o preço da ação. Sem a ajuda de um especialista, sem entender a razão das oscilações, eu posso acabar vendendo na baixa e comprando na alta”, afirma Castro.


 


 


6 – Seguir a manada


 


Investir em ativos como ações e criptomoedas exige ter estrutura para suportar oscilações bruscas – sem tomar decisões impulsivas. “Em um solavanco forte, o investidor foge, com medo de que papel vá cair a zero. Mas não é assim. Uma empresa tem seus fundamentos e seu valor”, diz Luiz Fernando Carvalho, estrategista da Ativa Investimentos. “O que os experientes mais querem é que a manada empurre os preços para baixo, para eles comprarem mais barato. Por isso, o investidor não pode seguir a manada. Ele precisa aprender a separar o risco do ruído passageiro.”


 


Ele explica que, para ter o autocontrole e o discernimento necessários, é preciso ter educação emocional, para desenvolver uma tolerância ao risco, e algum conhecimento sobre o mercado. “Esse entendimento vem com a experiência. Tem que estudar o básico: como funcionam as curvas de juros, as commodities, os impactos de demanda. O emocional afeta muito o mercado.”


 


 


Publicado em 6 minutos UOL - https://6minutos.uol.com.br/minhas-financas/6-erros-comuns-que-pessoas-bem-informadas-sobre-investimentos-cometem-parte-1/

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