Você já entrou no Clubhouse?

É muito provável que nesses últimos dias você tenha ouvido falar sobre o Clubhouse, a nova febre em redes sociais. É mais provável ainda que você não aguente mais as pessoas falando sobre esse assunto. E é muito mais provável que você não esteja participando, já que a queridinha da vez é super exclusiva!


 


Você está se sentindo excluído? Você está tentando entender por que tamanho alvoroço? Você acredita que isso tem a ver com as suas finanças?


 


Pois bem, Clubhouse é uma rede social que surgiu da parceria entre um ex-funcionário do Google, Rohan Seth, e um empresário do Vale do Silício, Paul Davidson. O app foi lançado em março de 2020, mas a febre se instalou no início desse ano. Diferente de outras redes sociais que priorizam as imagens e os textos, o Clubhouse enaltece o nosso sentido de comunicação mais precioso, a voz.


 


Mas o que tem tornado o app tão desejado no Brasil é a exclusividade. Não é para menos, o acesso é só para iPhone, no caso do Brasil, 10% dos pessoas que detém um smartphone! Ah, e você precisa ser convidado. E quem convida só tem dois convites disponíveis.


 


E aqui começam as nossas reflexões. Esse sentimento de exclusão gerado pela impossibilidade de fazer parte da comunidade tem nome: "fear of missing out", ou simplesmente o medo de não participar da última novidade!


 


Existem algumas semelhanças entre os sentimentos que a exclusividade do app tem causado nas pessoas e os gatilhos que as mais diversas campanhas de marketing utilizam para sensibilizar a nossa vontade de realizar uma compra.


 


Quando fazemos parte de um grupo e acreditamos que este grupo é importante em nossa existência, somos preenchidos por uma sensação poderosa de que fazemos a diferença para aquele grupo tanto quanto ele faz para nós. A consequência disso: queremos contar para todo mundo como é bom e importante e transformador fazer parte desse grupo. Nós contamos isso imbuídos de tanta emoção que o nosso interlocutor não tem outra opção que não seja sentir vontade de estar nesse grupo o quanto antes. Eu tenho certeza que você já viu isso em algum lugar e, quando viu, o impulso de compra apareceu instantaneamente! O Clubhouse está usando essa técnica brilhantemente!


 


Você não sabe o que é o app, mas você quer estar lá. Você quer estar lá porque algumas pessoas perto de você já estão, você quer estar lá porque alguns dos seus contatos em outras redes sociais estão te mostrando que eles já estão lá. Você quer estar lá porque o novo "hot" do momento é esse e porque se você não estiver você não vai conseguir conversar com os colegas de trabalho na hora do almoço. Eu tenho certeza que você já comprou alguma coisa para sentir essa aprovação social! O Clubhouse está usando essa técnica brilhantemente!


 


Vagas limitadas! Ingressos limitados! Últimas unidades! Só hoje! Qualquer semelhança é mera coincidência. Quantos ingresso você já comprou e quando se passaram duas semanas percebeu que eles continuaram a ser vendidos e que não eram limitados? Quantas coisas você já comprou e, quando passou na mesma loja, um mês depois, o item ainda estava lá? Seria aquela a derradeira última unidade? O Clubhouse está usando essa técnica brilhantemente! Ele está gerando nas pessoas a sensação de que se elas não entrarem agora, nunca mais poderão estar lá.


 


Poucas vezes na vida você fez alguma compra com a racionalidade no comando, isso porque a maioria esmagadora das campanhas de marketing sensibilizam o nosso lado emocional para atingirem seus objetivos de venda. Esse texto não é uma crítica ao aplicativo, é apenas uma forma de despertar a sua capacidade de reflexão para entender como esses mecanismos te colocam em xeque em momentos de decisões de compra. Não estou dizendo para você eliminar o componente emocional das suas compras, ele é importante, apenas cuide-se para que ele não seja dominante.


 


Espero que você receba o seu convite em breve!

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