Devo ter uma conta conjunta com meu cônjuge?

“Devo ter uma conta conjunta com meu cônjuge?”



Fernanda Garcia Silvano, CFP®, responde:


Em primeiro lugar, vamos entender as diferenças entre os tipos de conta-corrente:


1. Conta individual: apenas uma pessoa pode movimentá-la; para outra ter acesso, é necessário procuração.
2. Conta solidária (e/ou) conta conjunta com duas ou mais pessoas: todos podem movimentar a conta individualmente, sem necessitar de autorização dos demais participantes da conta.
3. Conta simples ou não solidária (conta E): todos os participantes da conta precisam autorizar as movimentações, ou seja, sempre será necessária a anuência de todos os participantes da conta para movimentá-la.


Quando você decide casar com alguém, precisa fazer uma série de acordos de convivência. Afinal, a intenção é levar uma vida em comum até que “a morte os separe”. Uma dessas decisões é como serão tratadas as finanças do casal. Não que a felicidade dependa da conta bancária, mas ter uma vida financeira saudável e organizada colabora em muito para a boa harmonia do casal e evita conflitos desnecessários.


Afinal, o que é melhor: ter ou não conta conjunta? A resposta é: depende!


Mais importante do que ter ou não uma conta conjunta é tomar decisões consensuais em relação ao dinheiro. O casal terá uma parceria de vida e, com o tempo, as despesas comuns aumentam – muitas vezes com filhos –, por isso precisam estabelecer qual o estilo de vida terão, o que valorizam e como serão as finanças. A responsabilidade pelo planejamento financeiro e depois pelo cumprimento desse planejamento é sempre do casal.


Alguns exemplos:


– Como serão pagas as despesas, quem vai pagar o quê? Não existe uma regra para isso. Depende se ambos trabalham ou não, de quanto cada um ganha e outros aspectos.
– Quais as metas e a ordem de prioridades em comum? Por exemplo: vão comprar um imóvel, viajar, reformar a casa, investir na educação própria ou dos filhos? É mais palpável fazer uma reserva e até mesmo decidir corte de despesas quando existe um objetivo já estabelecido.
– Como serão investidas as reservas do casal, se são de curto, médio ou longo prazo? Qual a tolerância em relação a riscos? Existe um valor destinado a emergências?


A conta conjunta apresenta algumas vantagens claras em relação às contas individuais. As principais são:


– Transparência nas despesas do casal, ambos saberão o que está ocorrendo.
– Os custos de manutenção da conta serão menores. Se o banco cobrar tarifas, elas serão incidentes apenas em uma conta e não em duas.
– Acesso a investimentos melhores, já que os investimentos de duas pessoas estão em uma única conta e o bolo é maior.
– Mais facilidade de obter crédito, pois a movimentação e, consequentemente, a renda serão maiores.
– Praticidade: na indisponibilidade de um dos cônjuges, o outro tem acesso a toda a conta.


É de extrema importância a concordância nas decisões, independentemente de a conta ser ou não conjunta. O ideal é que ambos sejam responsáveis pela administração do dinheiro, mas nem sempre é possível. Algumas vezes, um dos cônjuges não é tão responsável assim e precisa ser tutorado pelo outro. Ou seja, o cônjuge mais qualificado será o responsável pelas decisões financeiras do casal. Importante ressaltar que isso não tem a ver com gênero. O cônjuge mais qualificado é o que sabe administrar e controlar melhor os gastos.


Alguns casais escolhem ter uma conta conjunta para movimentar as despesas comuns e mantêm outras contas individuais para os gastos pessoais. Pode ser uma forma de manter a individualidade. Outros preferem só ter as contas individuais e dividem as despesas e os investimentos.


Há aqueles que mantêm somente a conta conjunta e nela entram toda a receita e a despesa, mesmo as pessoais. Essas contas conjuntas podem ser solidárias ou não. A conta não solidária, embora muito mais trabalhosa, pois toda e qualquer movimentação terá que ter as assinaturas de ambos, pode ser uma opção muito eficaz para controle de despesas. Afinal, elas deverão ser sempre discutidas com antecedência.


O mais importante é que, independentemente do tipo de conta escolhida, as decisões financeiras estejam em comum acordo.


Portanto, para evitar erros, tenha sempre muito claro que é primordial o diálogo para buscar uma vida financeira saudável e atingir objetivos que tragam alegria e satisfação a ambos.


Fernanda Garcia Silvano é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].


As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site EpocaNegocios.globo.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.


Texto publicado no site Época Negócios em 12 de fevereiro de 2019


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