Quando falamos de investimentos, comprar e vender ativos e entender a lógica e a maneira como os produtos de investimentos se relacionam com outros ativos que você já possui é uma tarefa que exige dedicação e conhecimento, embora não seja impossível. Neste universo, pode ser vasta a gama de produtos para atender características de renda fixa e renda variável. Além disso nem todos os produtos de investimentos estão disponíveis para os investidores pessoa física. Apesar de todas essas particularidades, a escolha e o gerenciamento desses produtos são importantes para dar o alicerce à construção de seu patrimônio e realização de seus projetos de vida.

Uma forma de resolver estes entraves é investir por meio de veículos chamados de fundos de investimento. Eles visam facilitar o trabalho de investimento de uma pessoa física. Imagine o condomínio onde você mora. Existe um padrão nos apartamentos, na decoração, na pintura. Os moradores acessam áreas que pertencem a todos, como a piscina, o salão de festas, a academia. Todos podem, de maneira organizada, utilizar esses anexos de forma conjunta. Assim funciona um fundo de investimento, como um condomínio. Mas o que se possuí nos fundos de investimento não é um apartamento, e sim uma cota deste fundo, uma parcela daquele patrimônio que pertence à vários investidores de forma conjunta.

Todo o patrimônio do fundo é gerido por uma equipe profissional autorizada e qualificada a fazer este trabalho. Basicamente o fundo de investimento reúne o dinheiro dos investidores e cria uma carteira de investimentos com uma característica própria. Esta carteira leva em conta pontos como o perfil de investidor (conservador, moderado e arrojado) e tolerância ao risco. Considera-se também as classes de ativos: renda fixa, renda variável, multimercados e os fundos cambiais.

O maior objetivo de um fundo de investimento é facilitar o trabalho do investidor, por isso essa tarefa é feita por uma equipe profissional do fundo. Mas para fazer a escolha correta de um fundo ou fundos de investimento precisamos conhecer seu mecanismo.

Vamos começar pela classificação dos fundos.

- Fundo de Renda Fixa: como o próprio nome já diz, este fundo investe em diversos produtos de renda fixa. Mas esta não é a única informação importante aqui. Neste artigo eu explico que o principal parâmetro da renda fixa é o CDI! Também chamado pelos fundos de benchmark, é o que vai servir de comparação para que o fundo trabalhe em busca de rentabilidade associada ao benchmark. Os Fundos de Renda Fixa, de forma geral, costumam oferecer um nível de risco mais baixo em relação aos outros fundos de investimento.

Vamos explorar mais este conceito: um fundo de investimento pode trabalhar de duas maneiras para alcançar rentabilidade: de forma passiva ou de forma ativa. Quando o fundo é um fundo de gestão passiva, o trabalho dele será em busca de se aproximar do benchmark, levando para os seus cotistas aquilo que está acontecendo no mercado de investimentos. Na renda fixa, se o CDI estiver em 2,5% ao ano, é isso que um fundo de renda fixa irá trabalhar para alcançar.

Porém, existem também fundos de gestão ativa. Nesse caso, a equipe de gestão do fundo vai trabalhar com uma estratégia que visa superar este benchmark, de forma a superar a rentabilidade que o mercado está entregando.

Os fundos de investimento não são um produto de investimento, como um CDB ou uma LCI. São um serviço que se presta ao investidor, trabalhando nas decisões de escolha de ativos, de compra e venda, assim como na estratégia de investimentos para trazer a rentabilidade que se espera alcançar. É importante ressaltar que o fundo de investimento se propõe a buscar uma rentabilidade associada a uma análise econômica. Não existe aqui qualquer garantia de rentabilidade. Aliás, qualquer tipo de investimento que garanta rentabilidade está em desacordo com as exigências legais da CVM, a Comissão de Valores Mobiliários, órgão regulador do mercado de investimentos.

Por serem os fundos de investimento um serviço, existem custos atrelado às cotas de um investidor. Esses custos geralmente são a taxa de administração, um percentual do patrimônio do fundo que é cobrado de forma proporcional a cada cotista, ou seja, o investidor paga proporcionalmente ao valor que ele investiu no fundo. A taxa de performance, que só pode ser cobrada por fundos de gestão ativa, está relacionada ao percentual que o fundo alcança acima do benchmark.

Uma outra despesa que existe em fundos de investimento de Renda Fixa, Multimercados e Cambiais é o imposto de renda antecipado. Chamamos este imposto de renda de come-cotas. Ele é retido automaticamente nos meses de maio e novembro, diminuindo o número de suas cotas na proporção do imposto pago. Ao resgatar o investimento, o investidor apenas fará o ajuste baseado no imposto que já foi pago.

- Fundos Multimercado: baseiam sua estratégia de investimentos em diferentes tipos de produtos. Podem mesclar renda fixa e renda variável, por exemplo, ou até mesmo câmbio. Fundos Multimercado podem ter a estratégia ativa, além da passiva e o seu benchmark costuma também ser o CDI. Os Fundos Multimercado oferecem um nível de risco um pouco mais elevado que os Fundos de Renda Fixa, porém menor em relação aos Fundos de Renda Variável.

- Fundos de Renda Variável: são fundos que investem, em sua grande parte, em ações ou até mesmo em cotas de outros fundos de ações. Eles também podem ser ativos ou passivos, mas o seu benchmark deixa de ser o CDI. Não faria sentido, não é? Aqui o mercado que funciona como comparação é o mercado de bolsa. Por isso o benchmark é o Índice Bovespa, que representa o comportamento do mercado de bolsa no Brasil. O imposto de renda dos Fundos de Ações funciona de forma diferente, não existe antecipação, ele é cobrado apenas quando é feito o resgate das cotas pelo investidor com lucro.

- Fundos Cambiais: investem em moedas estrangeiras. Eles também podem ter estratégias passivas ou ativas e seu benchmark normalmente é um indicador relacionado às taxas de câmbio das moedas em que investe. Os Fundos Cambiais podem fazer um papel importante em sua carteira de investimentos, o papel de proteção. Moedas como o Dólar e o Euro guardam uma relação oposta ao desempenho da bolsa de valores brasileira. Isso significa que em momentos de queda da bolsa, existe uma contrapartida de alta nas moedas estrangeiras. Esse conhecimento permite que o investidor faça uma proteção contra as baixas do mercado interno. Chamamos esse mecanismo de hedge.

Embora seja importante que o investidor entenda os serviços e produtos que contrata para compor sua carteira de investimentos, essa tarefa não precisa ser longa e nem constante. Os conceitos básicos que trouxemos aqui já possibilita o seu entendimento sobre o que um profissional recomenda em sua carteira.